segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A construção silenciosa e anônima da cidade

Ouvir o outro, ouvir principalmente o velho, numa sociedade imediatista e desfocada como a nossa, é cada vez mais raro. O projeto desse livro nasceu do desejo, não só de escutar o que os velhos têm a nos contar, mas de levá-los a relembrar trechos de suas vidas, interagir outra vez com esses pedacinhos de sua história pessoal e registrá-las através da escrita.
Mais que isso, desejávamos resgatar lembranças especialmente ligadas à cidade de Ribeirão Preto e a sua história, em vários tempos e espaços diferentes. Dessa forma, além de imortalizar e divulgar relatos pessoais, estaríamos levantando e preservando parte da memória da cidade.
Desenvolvido através do PIC – Programa de Incentivo Cultural, da Secretaria Municipal da Cultura, o projeto Memória e História- Lembranças de Ribeirão foi realizado durante o ano de 2012, resultando agora na publicação deste livro que tenta contar de forma espontânea, e com a veracidade dos relatos orais, um pouco mais da trajetória de Ribeirão ao longo das décadas.
Trabalhando em parceria com os Núcleos de Terceira Idade da Prefeitura, abrimos a experiência para dez idosos que, durante 8 meses, se reuniram semanalmente para lembrar, contar, trocar, se emocionar, rir muito, reviver e, finalmente, escrever alguns pedaços de sua história vividos em Ribeirão.
O resultado é o registro de um rico mosaico de experiências que se alargam e extrapolam a vida privada para se situar no contexto da comunidade ribeirão-pretana em diferentes momentos, lugares e classes sociais. Os footings nas praças, os antigos cinemas, o teatro amador, os espaços de congraçamento que já não existem, os companheiros e amores perdidos, a vida rural, a política, o trabalho duro nas fábricas, a construção de famílias, os costumes, a moda, enfim reúne-se aqui um pequeno, porém riquíssimo retrato da cidade e de seus cidadãos entre os anos 30 e a época atual.
Esperamos que esse trabalho colabore para que a memória da cidade seja cada vez mais restaurada e divulgada, não apenas pelos relatos e documentos oficiais, mas principalmente pela voz de seus protagonistas anônimos e tantas vezes esquecidos – aqueles que, nos bastidores e quase sempre em silêncio, construíram a Ribeirão que tanto amamos.

Carmen Cagno

Um comentário:

  1. Carmem, fiquei muito emocionada ao ler alguns relatos. Principalmente o de Laura Aparecida Morano Mendes Coutinho. Ela foi vizinha de minha família, estudou no Grupo Escolar cuja professora foi minha Tia-Avó e se recordava do Café de meu pai...
    Agradeço por sua iniciativa e empenho na publicação deste livro.
    Eduarda Bestetti

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